Aos
poucos foi todo mundo indo embora do escritório. Cada qual indo para sua
respectiva casa. Enquanto eu, mais uma vez, tinha que ficar. Ninguém mandou ser
estagiário. O estagiário é o funcionário que mais trabalha e o que menos ganha.
Já fazia mais de duas horas que o expediente normal acabara e eu continuava
mandando email’s, quando o telefone tocou. Fiquei na duvida sobre atender ou
não, afinal de contas já havia acabado o expediente normal. Não era necessário atender.
Acabei atendendo. Era A chefe. Isso mesmo, A chef. Com A maiúscula, por que ela
é quem vê tudo, pede tudo, manda em tudo. Mas eu não chamo de A por isso, mas
sim por que ela é A gostosa. Loira, um metro e setenta, seios do tamanho ideal,
(tamanho ideal = tamanho de melões maduros, daquele que você bate, enquanto
fica com o ouvido encostado nele, no supermercado) nada de barriga, rosto perfeito,
simétrico. Além de tudo é rica. Então atendi o telefone, ela só queria saber se
tinha alguém pra poder passar no escritório pois esquecera algo em sua sala.
Alguns minutos depois lá estava ela, alta, bonita e mandona. E eu magro,
estatura média e obediente. Ela mal falou comigo, foi direto pra sua sala.
Continuei trabalhando no que estava fazendo e esqueci da presença dela. Quando levantei
para ir pegar um café passei em frente a sua porta e a vi chorando. Não acreditei.
A chefe chorando. Impossível. Todos no escritório falavam que ela não tinha
coração, como alguém sem coração podia chorar. Quebrei o protocolo e adentrei a
sala dela, sem ao menos bater. Ela levantou a cabeça e enxugou as lagrimas.
- O
que eu falo sobre entrar sem bater?
-
Que não é permitido.
- E
por que você entrou?
-
Mas eu bati.
- Ah
bateu?
-
Sim.
Silencio.
Com os olhos vermelhos ela me encarava.
- O
que você quer?
-
Você estava chorando?
-
Não.
Nessa
hora escorreu uma lagrima que estava pendurada no canto do olho esquerdo.
- A
eu pensei que estava. Desculpe.
Falei
e virei as costas, já arrependido por ter entrado, quando pus a mão na maçaneta
ela soltou um soluço e se pôs a chorar. Larguei a porta e me voltei de novo pra
ela. Pela primeira vez via um sinal de humanidade por tras daquele rosto
perfeito e peitos maravilhosos. Me aproximei, passei a mão nos cabelos dela.
-
Não chora, não chora.
Não
tinha a mínima idéia do porque ela estava chorando, mas não existe nada mais desagradável
do que ver uma mulher chorando. Uma criança chorando é ruim, mas acontece,
crianças caem, pulam, se machucam, então estamos acostumados a ve-las chorando.
Um homem chorando, é bizarro, saem líquidos de todos os buracos do rosto. Agora
uma mulher é de cortar o coração. Ainda mais uma mulher bonita. Ela levantou e
me abraçou, meu corpo endureceu. Ela soluçava no meu pescoço. Parecia abraçar
um manequim, e no caso eu era o manequim. Quando percebi como eu estava sendo ridículo,
meu corpo relaxou e eu pude devolver o abraço. Ela continuava chorando e eu
continuava sem saber o porque. Ainda abraçados o choro dela foi acalmando e os
soluços viraram beijos no pescoço. Exatamente. Beijos. Não sei em qual momento
foi, mas ela estava beijando meu pescoço. E cada vez eu entendia menos. Então ela
subiu e beijou a minha boca. O primeiro beijo foi um beijo de uma boca só, no
caso a dela, pois a minha estava mole. Eu não estava acreditando no que estava
acontecendo. Ela voltou a beijar meu pescoço. Eu ainda não reagia. Só quando ela
tirou minha camisa de dentro da calça e a abriu arrebentando os botões foi que
eu acordei do transe.
- O
que esta acontecendo?
- O
que você acha que está acontecendo?
- Um
sonho.
- Se
pra você é isso.
Ela
disse isso e começou a beijar meu peito. Com as mãos livres foi tirando a
própria camisa. Botão a botão. E eu ali fora do corpo assistindo tudo. Não
podia acreditar no que estava acontecendo. Ela com quem eu já havia fantasiado
tantas vezes. A mulher que eu homenageara tantas vezes estava ali tirando a
blusa e me beijando ao mesmo tempo. Eu tinha que fazer alguma coisa.
- Ei
o que estamos fazendo.
-
Até agora você nada.
Realmente
era ela mesma. Até na hora do vamos ver ela era boca dura.
Minha
alma parou de assistir e começou a participar, ajudando A chefe a tirar a
blusa. Meu Deus aqueles peitos estava ali na minha frente. Finalmente. Os melões.
Segurei um com uma mão. Aproximei o ouvido dele. E dei uma batidinha, como
fazem com os melões. Eles eram reais. Ela ficou parada só me olhando sem
entender. A beijei antes que ela perguntasse alguma coisa. Eu a beijava mas a
minha cabeça não parava de pensar no que estava acontecendo. Eu queria manter
cem por cento da atenção naquele momento, mas meu cérebro não deixava. Ele ficava
fazendo perguntas e mais perguntas. Por que ela está fazendo isso? Por que ela
estava chorando? Seria aquilo um teste? Sera que se eu transasse bem ela ia me
efetivar? E se eu fizesse mal, ela iria me demitir? Eu não podia ser demitido
por que se não seria expulso de casa, pelo menos foi o que minha mãe tinha
dito. Então era melhor eu parar por que com certeza não ia ser bom. As
perguntas continuavam a vir, e quando eu percebi ela já estava só de lingerie
na minha frente e eu já não lembrava como aquilo aconteceu. Era um dia comum de
trabalho, pelo menos pra mim que ficava mais um dia até tarde depois de todos saírem
no horário normal. Eu já estive na presença dela varias vezes e nenhum momento
ela pareceu se sentir atraída por mim. Ou pareceu e eu não quis acreditar?,
não, não pareceu.
Ela partiu
pra cima de mim como uma leoa me jogou em cima da mesa. Ela me beijava intensamente,
eu retribuía ainda mais intensivamente, afinal de contas quando teria aquela
oportunidade de novo. Alias isso é outra coisa que eu não conseguia parar de
pensar, quando teria outra oportunidade daquelas de novo? Estaria começando ali
um caso entre uma chefe e um estagiário? Nos encontraríamos escondidos de
todos? Fazendo sexo na sala de arquivos, na área de serviço, nos lugares mais impróprios?
Mais uma vez tinha parado de prestar atenção no momento. Fomos interrompidos
pelo telefone. Quando deu o primeiro toque paramos o que estávamos fazendo e olhamos
para o telefone. Estavamos só de roupa de baixo, nós em cima da mesa e o
telefone no chão. Tocou de novo. Ela ameaçou ir pegar o telefone eu a segurei.
Tocou novamente.
-
Não precisamos atender, já não estamos mais no horário de trabalho.
- É
mesmo né?!
Fiz
que sim com a cabeça. O telefone tocou. Ela me beijou. Voltamos a nos pegar. E o
telefone continuava tocando. Nós nos pegando ao som dos toques do telefone. Eu
finalmente tinha conseguido com o meu trabalho fosse recompensado, não da
maneira que eu esperava, mas finalmente havia sido notado. Mas o telefone
continuara a tocar e não me deixava aproveitar o momento. Ele parecia tocar
cada vez mais alto. Até que chegou uma hora que ela não aguentou mais, se
soltou dos meu braços foi até o canto da sala, onde o telefonia tinha caído e
atendeu. Ela falou alo e ficou em silencio. Uma lagrima escorreu no rosto dela.
Ela desligou o telefone. Pegou as roupas que estavam espalhadas pela sala e
saiu só de lingerie pelo corredor chorando.
-
Apague a luz quando sair, da ultima vez você deixou ligada.
Eu
fiquei deitado na mesa, só de cueca, sem entender o que tinha acontecido. Permaneci
de cueca a noite toda que continuei no escritório na esperança que ela
voltasse. Não voltou.
Depois
disso eu fui efetivado.
Agora
aqui estou eu, enquanto todos estão indo pras suas casas, eu fico todas as
noites trabalhando até mais tarde. Alguns dizem que eu faço isso para me
aparecer, para puxar saco, outros porque eu sou um funcionário exemplar e por
isso fui efetivado tão rápido. Mas a verdade é que eu fico por que tenho a esperança
que um dia ela vai ligar e vir chorando de novo. E dessa vez vou estar pronto,
e vou agir diferente, vou tirar os telefones do gancho.
Bem legal de ler Afonso!
ResponderExcluirA última frase foi o elo do caramelo hahahaha.
Ri uns 3 quilos!
Abraços, Bruno Barros!
Adorei, de verdade ! Pareceu-me mais triste que cômico ...
ResponderExcluirE para um eterno leitor dos contos e livros de Stephen King, deixo aqui meus parabéns pelo texto !