terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sem sono

Existe algo no travesseiro que nos faz pensar na vida. Ele tem o poder de extrair até o pensamento mais distante que tínhamos. É deitar a cabeça no travesseiro e começar a pensar nas contas, nos problemas, nas possíveis soluções, numa possível manobra caso algo de errado. Pensamos nas pessoas que já passaram em nossas vidas, as que estão nela e as que queríamos que estivesse. E enquanto dermos vazão para esses pensamentos o sono não vira. Então chega uma hora que você está com tanta coisa na cabeça que pensa, ‘já chega agora vou dormir’ e então fica alguns minutos com a cabeça vazia e do nada uma voz começa a conversar com você, quais são as tarefas de amanhã, da onde vai tirar dinheiro pra pagar as dividas, será que deixou o leite fora da geladeira, tem leite? Começa o bate papo no silencio, todos dormem só você não, será que eles também tem esses diálogos antes de dormir, mais aparentam ter dormido tão rápido, e se você acordá-los e conversar com alguém de verdade? Não você tem que dormir, já se passou 1 hora e você ainda está com a cabeça cheia, então começa a fazer as contas de quantas horas ainda tem pra dormir... ‘se eu tenho que acordar as sete horas e conseguir dormir daqui a dez minutos vão fechar as oito horas que eu preciso ter de sono’, os dez minutos passa e você ainda está acordado, agora está preocupado se conseguira agüentar o dia inteiro sendo que não conseguiu dormir o tempo necessário, ‘e se eu dormir no volante? Ainda bem que eu vou de onibus’, ‘e se eu dormir no ônibus e perder o ponto?’ e o papo se estende durante mais algum tempo, que é quando você toma uma atitude e demonstra quem é que manda ‘já chega agora vou dormir querendo ou não’, e consegue ficar em silencio, vira para um lado, para o outro impaciente a espera do sono, onde será que ele ta, quando você não quer ele aparece, na hora do serviço ele está ali gritando, quer dizer sussurrando pra você dormir, e quando você está pronto pra ele, no lugar certo, na hora certa (não mais tão certa), com a roupa apropriada ele não vem... E será que tem leite pra tomar café amanhã... Então você desiste de lutar contra os pensamentos que vem se rende e começa a pensar em tudo o que tem que fazer, no que tem que correr atrás, nos planos de mudanças, nos projetos, nas contas, nos amores ‘aí os amores’ e quando menos espera dorme... E como se nada tivesse acontecido acorda no outro dia esquecendo que ele te deixou esperando, que fez você pensar varias coisas, prometer varias outras, etc. Afinal de contas não tem muito que fazer você precisa mais dele do que ele de você.

domingo, 14 de novembro de 2010

Gente que vive chorando de barriga cheia

Às vezes me pego pensando, será que mais algum outro animal reclama como o ser humano? Será que as formigas reclamam do tanto que trabalha? A galinha reclama da pressão psicológica? O boi fica desconfiado que a vaca esteja colocando chifres nele? O cachorro... Bem o cachorro não tem do que reclamar. Pode ser que sim, contudo não deve chegar nem aos pés da nossa imensa insatisfação. Em qualquer momento de nossas vidas encontramos algo do que reclamar...

Fases: Quando somos crianças queremos ser jovens, ficamos jovens queremos ser adultos, ficamos adultos queremos voltar a ser jovens. Profissional: Chega à fase de começar a trabalhar, então reclamamos porque ninguém nos da uma oportunidade, e quando nos dão reclamamos porque temos trabalhando demais. Reinamos (Reinamos do verbo que vem dos mais “velhos”, que quer dizer, reinar, reclamar, resmungar) porque a semana passa muito devagar, então torcemos pra chegar logo o fim de semana e quando ele chega reclamamos que não tem nada pra fazer. Dinheiro: Um dos maiores motivos de reclamação do ser humano, nove entre dez pessoas reclama a falta de dinheiro, e a única que sobra é a que vai reclamar o que os nove funcionários estavam fazendo respondendo uma pesquisa enquanto tinham que estarem trabalhando deixando-o mais rico. Relacionamento: Reclamamos por não termos ninguém, arrumamos alguém, logo vamos praguejar (mais um termo usado por “velhos” que soa muito bem) por estarmos sendo sufocados. Diversos: Ta frio reclamos que está muito frio, ta calor reclamamos que está muito quente, na primavera chove muito, no outono que faz todas a estações, reclamamos que a variação de temperatura faz mal pra saúde. Vamos a uma festa, reclamamos da comida, da bebida, das pessoas, da fila do banheiro, da localização, etc. damos uma festa, se vai muita gente ficamos putos que tem muita gente que não foi convidada, se tem pouca gente ficamos chateados porque ninguém foi.

A verdade é que nunca estaremos realmente satisfeitos, isso é um fato, ninguém está 100% com o que tem e talvez isso seja o combustível pra nos mover para um outro objetivo, ou só apenas mais um dos defeitos que nos foi herdado na condição de ser humano, já que tem pessoas que reclamam tanto que se a colocarem de frente de um espelho é capaz de se matar ou reclamar que o espelho ta sujo, que não é preciso um espelho tão grande e que está cansando de amigos egocêntricos...

Eu poderia dizer que é besteira fazer isso, que é perda de tempo ficar reclamando de tudo, que temos que nos contentar com o que temos, só que acho que não faz muito sentido vindo de alguém que nem terminou de escrever o texto e já está achando diversos motivos do porque estar perdendo tempo fazendo isso...

“Tem gente que vive chorando de barriga cheia. É gente que vive chorando de barriga cheia”.

domingo, 7 de novembro de 2010

Deu branco

Vendo as reportagens sobre o Enem, mostrando o desespero dos alunos que foram prejudicados por alguns erros e falhas nos sistema, fiquei pensando como deve ser ruim você se preparar tanto pra ser testado por um dia e alguma coisa da errada. Deve ser a mesma sensação de brochar na primeira vez, você esperou tanto, foi tão bem nos simulados e quando chega o momento de utilizar seus “conhecimentos” acontece o inesperado.

A coisa mais difícil nesses tipos de teste, tanto no Enem quanto no vestibular é controlar o piscológico, tudo é controlado por ele, você estuda muito, dorme em cima dos livros, come em cima dos livros, toma banho em cima dos livros e infelizmente nos livros não ensina como domar o nervosismo. Ensinara-te a raiz quadrada, a importância de química, línguas, biologia, mais não te mostra uma formula de como ficar tranqüilo e esquecer que está sendo provado e que se tirar uma nota ruim acabou de “perder” um ano inteiro.

Se pararmos pra pensar é injusto, o cérebro pode reter tanta informação e no fim uma ausência de cor vai apagar todas elas, o branco vai fazer com que tudo vá por água a baixo. Ter um branco é uma ironia, porque o branco é a cor da paz, a cor da calmaria, a cor da ausência de problemas, só que quando você tem um é o inicio dos seus problemas. Num segundo sua cabeça é uma enciclopédia e no outro ela está como uma tela branca. Não existe uma explicação plausível para o branco, todos que falam que teve um branco vão gaguejar, vai gesticular, vai buscar uma forma de expressar o branco, só que infelizmente o branco é inexplicável. Você teria como provar que o que aconteceu foi um deslize, que tinha todas as respostas, que sabia como fazia aquelas questões, mas que na hora de um branco. Podem até acreditar em você e darem uma nova chance, o problema é talvez você novamente tenha um branco.

O branco é inevitável, se você nunca teve um se prepare que um dia você terá, reze pra que não seja em algum momento importante, o que não vai adiantar muito pois a função do branco é escurecer as suas chances. Ter um branco é ficar sem palavras, é esquecer como se escreve até seu nome, é saber que você sabe o que está sendo perguntado, mais não saber onde foi parar a resposta que a pouco se encontrava ali tão clara e agora da vez a um clarão.

O dia que inventarem o remédio para combater o branco os problemas com avaliações estarão com os dias contados, enquanto isso a maior forma de combater o branco é na base do chute, alias acredito que o chute é o inimigo numero um do branco, o que o branco tem de mal, o chute tem de bom, podem falar o que quiser que quem chuta, podem falar que quem faz isso, não sabe o que esta fazendo, que chutar é uma irresponsabilidade, que quem passa a base do chute vai viver de tropeços... Podem falar o que quiser só que ainda sou do time que acredita, que “mais vale um chute perdido do que um branco encardido”.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Não é mentira

Até que provem que é mentira isso que eu estou dizendo é verdade.

Porque mentimos? Somos ensinados a mentir. Quando crianças mentimos para nos isentarmos da culpa, quando jovem mentimos para chamar a atenção e quando adultos mentimos para isentarmos da culpa, para chamar a atenção e para manter o casamento, namoro, etc. São as chamadas, mentiras saudáveis. As mentiras que não faz mal pra ninguém, as que não contem glúten, nem gordura trans. Precisamos de um "pequeno" numero de mentira diária, porque não conseguiríamos viver só de verdades. Para se manter um bom relacionamento é preciso que exista uma dose de mentira, eu arrisco dizer que sem a mentira não existiria relacionamentos. Sua mulher chega pra você na TPM e pergunta, “amor eu to gorda”, você fala, “sim”, ela não vai acreditar que você ta falando isso, vai querer uma explicação o do porque você acha que ela está gorda, se você tem outra mais magra, porque você está com ela ainda, etc. ou você conta uma mentira saudável, fala “não” e mantém seu relacionamento. A maior desculpa pra usarmos a mentira no dia-dia, é usando-a como desculpa pra não magoar alguém.

Sofremos com a inversão de papeis, quem era pra ser o mocinho (a verdade) é o vilão e o vilão (a mentira) é o mocinho. “Eu não quero mais assunto com fulano, porque ele me falou umas verdades”. “Alguém precisava lhe falar umas verdades mesmo”. “A verdade dói”. A verdade é uma arma branca, por isso o termo eu vou brigar com a verdade. Brigar usando a verdade é uma covardia, jogar com a verdade é pegar pesado. Bate nele, xinga ele, mais não use a verdade, ao não ser que a verdade que você esteja falando for mentira.

Segundo uma pesquisa nós mentimos em média 200 vezes por dia, uma vez a cada 5 minutos, ou seja, isso que eu acabei de dizer pode ser uma mentira. E falando sério, eu já te disse alguma mentira que faltou a verdade?