Nunca mais vi um beliche. Lembra
dos beliches? Aquela cama colocada em cima da outra. O beliche era um retrato do que era
a família. Hoje em dia ninguém mais compra beliche, por três motivos. Um,
porque é feio, dois, porque ele gerava muita discussão pra decidir quem ficaria
em cima e quem ficaria embaixo. “você se mexe demais, não pode dormir em cima” “e
você mija na cama”. Ah, a briga pelo topo do beliche. E três porque não tem
espaço para colocar o beliche. Todo mundo tem um primo que já caiu de cabeça de
cima do beliche.
Junto com a extinção do
beliche, estão sendo extintas as famílias. Porque o espaço está diminuindo. Os apartamentos
de hoje em dia estão cada vez menores e mais caros, da pra chamar eles de
kinder ovo.
Antigamente tinha espaço
para colocar três, quatro filhos, mais o cunhado, e outros parentes que
apareciam. Hoje dia não, os apartamentos são: sala, quarto, cozinha e banheiro.
Tudo isso no mesmo comodo.
As novas famílias não têm
onde acomodar os filhos, por isso existe tantos métodos contraceptivos, não é
porque as pessoas não querem ter filhos, mas sim porque não tem lugar. Isso é
um fato, para pra pensar, nossos avós, eles não ligavam, tinham oito, dez, doze
filhos, mas é porque eles tinham espaço. Lembra a casa dos seus avós, era
grande, você podia se perder, dava medo de andar pelos corredores, medo de
encontrar algum fantasma. Nos apartamentos de hoje não tem fantasma, não pra
ele. Ou fica você ou o fantasma.
A situação está feia, na
china já foi limitado o numero de filhos, por causa do espaço, nas grandes metrópoles
já teve uma queda de natalidade, pessoas com três filhos já estão sendo
discriminadas, estamos sofrendo a pressão pra não sermos pais, daqui uns dias
você vai ter que comprar teste de gravides escondido, a policia vai prender
quem transar sem camisinha.
Já foi muito discutindo
como o mundo iria acabar se em agua, fogo, gelo, e na situação que está, acho que
o mundo vai acabar em kitnets.
E daqui uns tempos você só
vai conseguir encontrar beliches nas cadeias ou no museu.
No museu:
- mãe o que é aquela cama
em cima da outra, arte moderna?
- Não filho, aquilo é um beliche.
- Boliche?
- Não, beliche. É onde
seus avós e os irmãos deles dormiam.
- Nossa, credo.
- O que filha? Era normal,
era seguro dormir no beliche.
- Não, falei credo para os
irmãos. Deus me livre.
Tive beliche, tenho irmãos, caí da cama de cima e tive q voltar a dormir em baixo haha.
ResponderExcluirMas sempre quis saber como é ser filha única! Talvez se eu reencarnar nesse futuro aí, eu descubra rs
haha lembro dos beliches... dormi em um já... recordo das baratas que se podia ver da cama de baixo... outro dia vi em um grupo de história que na era vitoriana as pessoas dormiam em camas box (ou cama armário). Eram camas bonitas, com a madeira toda trabalhada e tinha até portinhas hehe. Elas ficavam camufladas na casa, muitas vezes ocupavam as salas. De certa maneira gostei (apesar do destaque que pararam de fabricar pelo acúmulo de sujeira e falta de circulação de ar e infestação de bichos. De fato deveria ser, se eu via baratas em um amplamente arejado, eca). Acho q sempre tive um pouco desse costume de gato e espaços pouco confortáveis (como caixas de tamanho inapropriado). Será que sempre ensaiei para a caixa final? Tomara que nessa, eu nem saiba que eu esteja nela.
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