Já passamos da metade do ano, há quase dois meses atrás,
mas eu tenho certeza que você, assim como eu, só notou isso agora, pois só
agora as pessoas a sua volta começou a comentar como o ano está passando rápido,
voando, e todas essas maneiras criativas que elas encontram pra puxar assunto
no elevador. Mas por mais que essa seja uma conversa de quebra de silencio,
essa informação entra como uma bala perdida na sua cabeça. Antes de se tocar
disso você estava simplesmente deixando o ano passar, agora você começa a
prestar a atenção nele, como alguma pessoa que alguém aponta. Você fica
tentando lembrar o que aconteceu nesses oito meses que passou, fica tentando
entender, como se algum narrador em terceira pessoa fosse aparecer e falar
mostrando alguns slides feitos no power point: “aqui temos fevereiro, lembra do
carnaval? ta do carnaval não vai lembrar por que bebeu de mais, mas e maio,
maio da pra lembrar, oh abril, lembra de abril?”, aos poucos vai caindo a
ficha.
O que é um pouco chato, porque depois que você processa
essa informação, não consegue mais simplesmente deitar a cabeça no travesseiro
e dormir. Agora você deita com a cabeça pesada, pensando: “caramba, realmente já
estamos em agosto, faltam quatro meses para o fim do ano e até agora o que eu
fiz?”, fica rolando na cama e percebe que realmente não fez nada do que tinha
prometido para esse novo ano, que agora já não mais tão novo, então decidi por
um ponto final nisso, a partir de amanhã vai correr atrás do prejuízo e cumprir
todas as promessas esquecidas, por que afinal de contas ainda faltam quatro meses,
se correr da tempo. Amanhã começa a virada. Então você acalma sua consciência com
novas promessas. Dorme. Esquece. Até que alguém chega pra você e fala, “caramba,
já estamos em dezembro, já é natal, esse ano realmente passou voando”.
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