domingo, 6 de janeiro de 2013

Crise dos 16 e meio


O casamento passava pela crise dos 16 e meio, a mais perigosa, era o que uma amiga tinha falado. A que derrubou muitos casais. Acabou com o relacionamento de vários conhecidos. Já vinham notando que a muito a relação havia caído na monotonia. Não faziam mais os deveres de casal. Parecia que nada mais tinha graça. O tradicional “papai e mamãe” já tinha virado “vovô e vovó”, o “frango assado” já não tinha o mesmo gosto, comer frango sempre enjoa, e o “cachorrinho” estava nas ultimas.
Tentaram de tudo pra apimentar a relação. Experimentaram assistir filmes pornográficos juntos, não foi uma boa ideia, ela fazia muitas perguntas:

- Por que ela chamou um mecânico pra trocar um pneu e ao invés de pagar em dinheiro esta pagando com sexo? Por que o entregador de pizza tava sem camisa? Como ela consegue limpar a casa com uma roupa tão curta e de salto?

Tentaram fantasias sexuais. Mas depois de tanto tempo casado ver sua mulher vestida de enfermeira, soou mais cômico do que erótico. Assim como ele vestido de policial, ficou parecendo um desses de filmes americanos que vive com uma caixa de rosquinha. E como é sabido “o riso é inimigo do erotismo”, então não teve clima. Pelo menos engraçado foi.
Tentaram o “kama-sutra” que terminou só em CAMA. Depois de ele dar mau jeito nas costas quando tentavam fazer “a posição da égua”.
Um dia ela trouxe uns “brinquedinhos” apresentados por uma amiga, pra fazer uam surpresa, ele tomou um susto e jogou o pênis gigante no corredor, que foi recolhido pela filha mais nova, a de 4 anos, deu o maior trabalho para conseguir tirar dela, tiveram que retirar o consolo da menina enquanto ela estava dormindo, a mulher ergueu o travesseiro, ele retirou o Dildo GG.

Então depois de tentarem de um tudo, ele teve uma ideia. Os dois estavam na cama, ela já não prestava tanto atenção na televisão, já que acabara a novela, ele aproveitou:

- Eu tava pensando e se a gente...
- Ah não, eu cansei.
- Oi.
- To cansada disso.
- Mas não podemos parar de tentar.
- Mas eu já estou cansada de tentar.
- É o nosso casamento.
Silencio.
- Vamos tentar uma ultima coisa.
- O quê?
- Ménage.
- Oi?
- Temos que tentar. É pelo nosso casamento.
- Tá, mas e depois se funciona? Sempre que quisermos fazer temos que ligar para alguém.
- Não, mas vai ser só dessa vez, para reacender. É só a faísca. Só precisamos dessa fagulha.
- Será?
- Acho que devíamos tentar, pode ser nossa ultima chance.

Silencio. Ela fica pensativa.

- Ta bom, mas eu escolho qual amigo seu.
- Amigo meu?
- É. Ou prefere um desconhecido.
- Na verdade eu estava pensando em mais uma mulher.
- Ah, espertão. Quer a faísca. A fagulha. Mas não quer esfregar os pauzinhos.
- É, pensando bem não foi uma boa idéia.

O dois ficam em silencio. Pensativos.

- E se fossemos numa casa de swing.
- Casa de Swing?
- É, assim só teria desconhecidos, você ficaria com outro e eu com outra.
- Será?

Ele olhou pra ela com cara de quem tinha achado a solução. Então na noite seguinte estavam dentro do carro, se dirigindo a tal casa, que um casal de amigos havia comentado.
Na porta de entrada os dois deram as mãos.

- E se encontrarmos alguém conhecido?
- Fingimos que entramos por engano.
- E se já estivermos pelado.
- Fingimos que nos esquecemos de trocar de colocar a roupa.

Ela só da uma olhada para ele.
Entram. Ficam num canto, meio deslocados. Como se estivessem num churrasco onde não conhecessem ninguém. Num churrasco onde o prato principal não é a carne. É o conjugue.

- Quais são as regras?
- Como assim regras?
- Tem que ter algumas regras.
- Numa suruba?
- Pera aí, não é suruba. É swing.
- Qual é a diferença Rodolfo.
- Suruba é de pobre.

Silencio. Sorriem para um casal de veteranos peladões que passam na frente deles.

- Tem que ter alguma regra.
- Acho que não tem.
- Tem que ter. Até uma orgia tem que ser organizada.
- Regras tipo?
- Não pode colocar o dedo no buraco sem antes avisar. Só pega na minha mulher se eu der o consentimento. Tomamos banho antes de fazer o serviço.
- Tomar banho? Você já não tomou banho em casa?
- Sim, mas eu não sei se eles tomaram.

Passa mais um casal. Dessa vez para.

- E aí? – pergunta o homem.
- Só estamos dando uma olhadinha.

Ele tenta levar a Rosangela, Rodolfo não deixa.

- Rodolfo não foi você quem deu a ideia de virmos aqui?
- Sim.
- Então.
- Mas é que eu achei que tivesse alguma regra. Assim, solto não dá. Vamos embora. Vou ver se acho algum estatuto sobre isso. Quando achar voltamos.
- Mas e até lá?
- Até lá vamos levando. Ninguém nunca morreu de ficar sem sexo. Adão e Eva ficaram tanto tempo no paraíso sem fazer nada. Não somos melhores do que eles.

Fala e puxa ela pra fora.

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