Que
as mulheres estão cada vez mais no comando, não é nenhuma novidade. Alias é justo.
Elas lutaram por isso, galgaram o espaço delas, queimaram sutiãs para isso. Porém
algumas feministas estão confundido as coisas, estão fazendo isso da maneira
errada. Devem pensar: “se as nossas musas, queimaram os sutiãs e conseguiram
tudo isso, que tal se nós pulássemos a parte de queimar os sutiãs e já sair
direto com os seios de fora?!”.
Não sou
contra protestos, pelo contrario, acho que tem que protestar mesmo, brigar pelo
que é de direito, bater de frente, questionar, qualquer tipo de conflito que
seja de direito tem que ser exercido. Não ficar só atrás do computador
compartilhando imagens, em frente a TV reclamando com a boca cheia de comida,
tem que participar ativamente. Mas tem que fazer a coisa direito. Sair por ai
mostrando os seios não adianta nada, se adiantasse nas tribos indígenas não
seria um homem o pajé, mas sim uma mulher.
No
restaurante, os dois acabam de jantar, depois de saírem juntos pela primeira
vez. Ele faz sinal para o garçom trazer a conta, olha para ela, sorri. O garçom
chega com a conta. Entrega a caderneta possivelmente com a conta dentro para
ele. Que leva a mão ao bolso pra sacar a carteira. Ela segura o braço dele e
puxa a caderneta.
-
Deixa que eu pago.
-
Oi?
-
Deixa que eu pago. – abre a bolsa para procurar a carteira.
-
Não. Que isso. – puxa a conta para ele.
Tenta
sem sucesso tirar a carteira do bolso.
-
Deixa eu pagar. – ela pega de novo.
-
Não. eu faço questão. – ele pega.
-
Mas eu quero pagar. – Está com ela novamente.
- Na
próxima você paga. – De volta com ele.
- Se
você não deixar eu pagar agora, não vai haver próxima.
Ele
sorri, ela fica séria, o garçom fica sem entender. A caderneta fica no meio com
os dois segurando como se fosse um cabo de força.
-
Mas é a primeira vez que estamos saindo juntos. Não posso deixar.
Ela
fica séria.
-
Que tal se vocês dividissem? – sugere o garçom.
-
Boa.
-
Não se intromete. Me da essa conta.
Ele
não solta.
-
Você não vai me deixar pagar?
-
Não. Não foi assim que eu fui criado. Fui ensinado que um homem sempre tem que
pagar a conta no primeiro encontro. – fala a puxa
Todos
os clientes presentes param de comer e começam a prestar atenção na discussão.
-
Isso mesmo meu filho.
- Você
foi criado como um machista, isso sim. Você quer ser o macho alfa. Quer ser
superior, mas saiba que não é. O homem não é superior. Nós estamos provando
isso, conquistando todos os espaços de vocês, provando que somos capazes de
fazer qualquer coisa que você fazem, somos até melhores.
-
Isso mesmo!
A
mulher da mesa a direita deles levanta e comemora.
-
você vai pagar a conta? – pergunta o homem que está junto.
Ela
senta.
O
gerente vem para saber o que está acontecendo.
-
Posso ajudar?
-
Mais um homem achando que pode resolver tudo.
-
Ela quer pagar a conta. Ele quer pagar a conta.
-
Por que não dividem?
- Hum,
gênio! Se fosse pra eu pagar a minha eu tinha ido jantar sozinha.
-
Não, mas agora quem não quer dividir sou eu.
O escândalo
aumenta, os dois continuam no cabo de guerra, já derrubaram os copos que
estavam em cima da mesa, os clientes começam a ficar incomodados, os que estava
na fila de espera começam a se retirar.
-
Então deixa que eu pago. Você não vai me comprar pagando a conta.
-
Mas eu nem quero te comprar mesmo. E se tivesse comprado ia querer trocar.
-
Sabia que você era assim. Acha que a mulher é um objeto, que pode trocar a
qualquer hora. Típico do machista de hoje em dia.
O
gerente intercede.
- Faz
o seguinte. Fica por conta da casa. Vocês podem ir.
-
Não, já falei que não quero um homem pagando nada para mim.
-
Vai morrer sozinha!
- A
dona do estabelecimento é uma mulher. – fala o gerente torcendo para que ele
parem.
-
Tem certeza?
- Sim,
juro!
-
Então eu faço questão de pagar.
- É
uma mulher e um homem. – improvisa. – são sócios.
Os
dois se olham. Soltam a caderneta em cima da mesa. Saem. Sem se falar. Na porta
se separam, vai cada um para um lado.
O
casal da mesa ao lado se olha. Pede a conta. O garçom prontamente tras. O cara
segura, olha, ergue um pouco a bunda pra tirar a carteira do bolso de trás, a
mulher segura o braço dele.
-
Deixa que eu pago.
-
Não, deixa que eu pago.
- O
gerente não vai mais liberar a conta de ninguém e vocês dois não é primeira que
saem juntos, já atendi vocês umas três vezes.
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