sábado, 2 de fevereiro de 2013

Meus cumprimentos

Dois momentos difíceis da vida que passamos com quem não temos intimidade são: dar oi e dar tchau.
Deveria ser permitido iniciar e terminar uma conversa, com desconhecidos, sem precisar cumprimentar. O cumprimento só tinha que ser obrigatório a partir da terceira vez que encontramos com a pessoa. Não estou querendo disseminar o antissocialíssimo, longe de mim, só acho que deveria ser assim porque nunca sei qual oi ou tchau usar. Você da um oi de longe, a pessoa estica a mão. Você tem que dar a mão. Você estica a mão, ela estica a mão, também o pescoço e faz biquinho, opa é beijo. E agora? Quantos beijos são? Um? Dois? Três? Em alguns lugares é só um beijo, outros são dois, tem os que dão três “que é pra casar”, quatro bodas de ouro, cinco sendo que o ultimo é na boca, porque eu acabei de me divorciar e fiquei interessado em você. Não da pra saber. Sempre fica a duvida se o tempo que você ficou junto com a pessoa foi o suficiente para se abraçarem na despedida. Então você fica meio a mercê, “vou até metade, se ele não vir disfarço e finjo que estou me espreguiçando”. Então fica uma coisa meio desentendida, porque a pessoa só percebeu que você armou para abraçar tarde demais, então fica abraço-de-meio-corpo-querendo-a-outra-metade-não. Quem vê de longe tem a impressão um está tirando algo das costas do outro, não que estão se despedindo.
Agora pense, você está numa roda com quinze pessoas, sendo que só conhece, bem o suficiente pra saber como se despedir, apenas quatro. Você vai passar por esse constrangimento onze vezes. Porque se deu “oi e tchau” para os quatro, tem que dar para os outros onze, se não vai ficar mal falado. Agora pense que a cada roda com onze desconhecidos que você não cumprimenta, encontra com outros onze, e outros onze, e outros onze, logo você ficara conhecido com o desconhecido mal educado que só cumprimenta os conhecidos.
Pra não ser tão radical poderia apenas padronizar um tipo só de cumprimento para usar com pessoas que você não conhece, mas que está com algum conhecido. Poderia ser aquele aceno com a cabeça, aquele que você usa no trabalho, com as pessoas dos outros setores que você não conhece, não conversa, apenas cruza no corredor. No escritório funciona, a única parte ruim desse cumprimento de corredor de escritório é que se você passar 77 vezes pela pessoa, terá que cumprimentar todas as vezes, é uma regra.
Podemos padronizar esse aceno de corredor de escritório com o adendo de não precisar cumprimentar todas as vezes que encontrarmos essa pessoa.

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